quarta-feira, 27 de maio de 2009

“Santo de casa não faz milagre”…

Talvez alguns já tenham ouvido a piada do homem da cidade que, ao passar pelo rancho do matuto, perguntou:

“Se eu adivinhar quantos cabritos existem no pasto do seu rancho, o senhor me dá um deles?”

E o matuto respondeu que sim. O homem da cidade, então, tirou o seu laptop, fez algumas planilhas, elaborou uma apresentação no Powerpoint e apresentou as análises ao matuto: “o senhor possui entre 247 e 262 cabritos e o mais provável é que tenha 254.

“Uai sô, o senhor é bão mesmo. Pode escolher o seu cabrito.”

Após o moço pegar o animal,  o matuto perguntou: “se eu adivinhar a profissão do senhor, eu ganho o meu animar de volta? ” E o homem da cidade disse que sim.

“O senhor é consultor, né? ”. E o moço respondeu: “Puxa vida! Como o senhor adivinhou?”

“Uai! O senhor chegou aqui sem ser chamado. Me ofereceu um serviço que eu num tava precisando. Me falou o que eu já sabia e ainda me cobrou por isso. Agora, o senhor pode me devolver o meu cachorro, sô?”

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Bom, eu não penso assim, já que um dia eu quero me tornar um consultor.

O que acontece é que, na maioria das vezes, a empresa chama a consultoria e pede uma proposta para um trabalho que tem um objetivo claro. Daí, a consultoria vem para fazer o diagnóstico da situação e, por receio, a empresa não abre todas as informações necessárias. E é aí que começam os problemas, pois a consultoria não vai bater de frente e dizer que, se não receber as informações, não fará o trabalho. Os consultores tentam fazer o melhor possível com o que têm. Quando entregam o relatório, apresentam tantas informações de pesquisas de mercado externas à empresa quanto menos tenham tido acesso às informações internas. Não necessariamente isso é ruim, mas não obteremos toda avaliação de que poderíamos nos aproveitar.

Quando o trabalho é bem feito e a consultoria propõe mudanças profundas, a tendência é de que haja resistências drásticas se o lider da organização não for o principal patrocinador do projeto. Mas o maior problema acontece quando a empresa resolve implantar o projeto proposto e não considera a contratação da consultoria executá-lo. Ao internalizar o projeto, o dia-a-dia toma conta da situação e ninguém tem tempo para executar, na íntegra, o que foi proposto. Se não forem designados profissionais exclusivamente para esse trabalho, quase nada será feito e o projeto se perderá.

De qualquer forma, a sensação de quem participa desses projetos com consultorias é de que se a empresa nos colocasse em dedicação exclusiva e pagasse o valor cobrado, faríamos um trabalho equivalente ou melhor. Mas “santo de casa não faz milagre”. Portanto, o negócio é ganhar cada vez mais experiência e, um dia, virar consultor também…

3 comentários:

  1. hehehehe boa piada Eiderão!
    Concordo com vc em algus aspectos. E tenho vivido os dois lados (acompanhando consultoria e sendo consultor) eu te digo que existe um valor que a consultoria pode agregar e que se a empresa pagasse o valor dobrado aos funcionários (mesmo com tempo exclusivo) não seria igual.
    Obviamente que o consultor entende bem menos da empresa que o funcionário, assim ele busca uma curva de aprendizado rápida para que consiga agregar valor. Mas a visão de uma pessoa de fora (ai pode ser até da sua mãe) é muito diferente de quem está no dia-a-dia. O julgamento é mais independente dos vícios, políticas e interesses a que o funcionário está submetido.
    Mais ainda, o consultor por situações como aquela em diversos lugares. Por meio de comparação, ele pode chegar a uma conclusão muito mais acertiva que o funcionário.
    Mas eu concordo com vc, um diagnóstico não seguido de uma implementação costuma ser uma descisão muito ruim, pois já se gastou $ com o diagnóstico e corre-se um sério risco de jogar o trabalho fora.
    Grande Abraço
    Carulla

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  2. Só uma dica, Carulla: não existe, na lingua portuguesa, a palavra "acertividade". Existe, sim, a palavra "assertividade". Ser assertivo é ser direto, ir direto ao ponto se rodeios. Nada tem a ver com ser certeiro, ou atingir o objetivo.
    Mas não se preocupe. Muuuuuita gente erra...

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  3. Marcelo R.: ainda bem que ele não escreveu "Enpace" mas esta é outra história. Na verdade acredito que consultorias tem o seu valor se estas realmente já vivenciaram ou implementaram aquilo para o que foram contratadas. No entanto o que se vê nas organizações é a contratação de uma consultoria para justificar alguma decisão que já está tomada, principalmente no que tange reestruturações. Se der errado a culpa é da consultoria, e se der certo, mérito de que as contratou.

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